Se eu fosse um caracol

Se eu fosse um caracol, não gostaria de ser muito lento.
Se eu fosse um caracol já não podia comer as francesinhas que o meu pai faz.

Mas quem ficaria mais incomodado por ser um caracol seria o meu pai, pois já não ia a tempo de ver o FC Porto a jogar. Mas pensando bem, se o meu pai fosse um caracol, já não saberia o que era o futebol, porque é que as pessoas gritam de felicidade quando os jogadores marcam golos.

Se o tio Jorge fosse um caracol, eu não ficaria triste, porque afinal de contas, já não teria de o ouvir cantarolar no chuveiro.

A coisa mais engraçada que um caracol tem, é que quando nós vimos um pedacinho minúsculo de folhas e pensamos que não serve para nada, os caracóis pensam que é um presente de Deus.

Eu acho que a vida de um caracol é muito difícil, porque eles têm de fugir dos humanos, que pisam as suas carapaças, por isso, teriam que andar quilómetros só para chegar a uma árvore.

Mas se fossemos caracóis já não teríamos que tomar banho nem andaríamos stressados por causa dos exames ou testes e também não teríamos de acordar cedo e ir trabalhar.

Tínhamos sempre um guarda-chuva para nos proteger da chuva, do frio ou até do calor.
Acordaríamos às horas que quiséssemos sem sermos incomodados por ninguém, pois nós teríamos a nossa própria casa.

Mas já não podíamos ir ao cinema ou encontrarmo-nos na escola e contarmos o que se passou no fim-de-semana. Não poderíamos beber ice tea de pêssego e comer cornetos de chocolate.

Enfim, a vida de um caracol tem coisas boas e coisas más…

Autora: Helena Silva, Porto, 11 anos
Ilustração: Jéssica Pimentel

1 comment:

Dani said...

Olá meu Amigo Purtugês... Heheheh.. Que show esse texto. A garotinha escreve bem!
Tenha uma ótima semana.
Abraço