Coleccionador de caracóis

Um dia comprou um ovo de chocolate e ao abri-lo deparou-se com o brinde: um caracol. Enternecido, sentiu que uma paixão nascia ali e agora tem uma colecção de 600 peças… deste molusco gastrópode.

Passados sete anos sobre esse dia, Jorge Costa já conta com uma colecção de 600 caracóis (nos mais variados objectos), é também artista plástico – tendo o molusco como fonte de inspiração – fundou o Clube do Caracol e criou uma revista, a «Caracol Fanzine».

É natural de Castelo de Paiva e profissionalmente é segurança privado, mas desengane-se quem lhe associe um ar sisudo ou uma postura rígida. Jorge Costa é o oposto: sensível, comunicativo nato, genuíno na abordagem, espontâneo nas acções e contagiante na alegria.

Ao “T&Q”, o coleccionador de caracóis contou que foi no ano 2000 que tudo começou: “Um dia comprei um ovo de chocolate e ao abri-lo deparei-me com um belo caracol, gostei imenso dele e sei que foi aí que esta paixão despertou”.

Mas porquê o caracol? Respondeu: ”Porque é um bichinho simpático, não morde, não arranha e não faz barulho. É muito bonito, tem conchas de várias cores e diferentes tamanhos, além disso, transmite-me tranquilidade, equilíbrio e amor”.

“ Devagar se vai ao longe…”
Esta é a mensagem que Jorge Costa quer passar ao mundo, ora exteriorizando a sua dedicação pela arte do coleccionismo ou da pintura e modelagem, ora apelando à sensibilidade das pessoas para a beleza do reino daquele molusco terrestre.

Como lema disse ter “Não sejas lesma, adopta um caracol” e como filosofia de vida – coincidência ou não – confessou identificar-se com o “devagar se vai ao longe” pois gosta de realizar os projectos sem grandes pressas. “Quando surge uma ideia, tento ponderar todos os pormenores para que o trabalho final seja o melhor possível”, frisou.

A verdade é que, o caminho trilhado pelo coleccionador, ao longo de sete anos, já deu provas de, pelo menos, chegar onde quer. Desde então, é detentor de uma colecção de 600 peças, pela qual revelou já ter gasto cinco mil euros. “São caracóis de porcelana, cerâmica, telha, tecido, estanho, vidro, cartão, espuma, em toalhas, quadros, candeeiros, peluches, entre outros”, esclareceu, sublinhando que vive na ânsia de os poder partilhar com os outros nas exposições.

Em 2004, fundou o Clube do Caracol “com o objectivo de sensibilizar as pessoas para a beleza do caracol” e, este ano lançou a revista “Caracol Fanzine”, direccionada para o público infantil e onde divulga desde lendas e cantilenas, a desenhos para colorir, passando pela divulgação de novidades e iniciativas tendo como pano de fundo a arte e como tema central, o caracol. “ A revista destina-se a ajudar instituições de apoio a crianças, onde o Clube do Caracol tem marcado presença e desenvolvido algumas actividades educativas focalizadas, naturalmente na promoção do caracol”, explicou Jorge Costa, acrescentando que “a fanzine é complementada no mundo virtual em www.caracolzine.blogspot.com".

“Orgulho” é o sentimento que traz no fim de cada “missão” : “As actividades têm corrido muito bem, as crianças adoram e os adultos também não ficam indiferentes. Inicialmente, as crianças tinham receio dos caracóis vivos, agora já pegam neles com todo o cuidado e carinho. Algumas delas já adoptaram um caracol como animal de estimação, o que demonstra que a minha mensagem está a passar”, salientou.

Por um caracol, o coleccionador confidenciou ir até onde as suas finanças deixarem. A sua maior extravagância foi um “belo caracol de estanho trabalhado à mão”: “Custou-me quase 200 euros… mas, por vezes, tenho que ficar só a olhar para eles…”

Obras
“Neste momento, estou a reunir obras sobre o tema, para realizar exposições colectivas. Paralelamente, quero dar seguimento à «Caracol Fanzine», e continuar a expor os meus caracóis”, disse, admitindo ainda a expectativa de conseguir um espaço fixo e permanente onde pudesse expor a sua colecção. O futuro também passa pela interacção além fronteiras: “Estou em contacto com pessoas no estrangeiro, que demonstrem interesse em colaborar com o clube”.

17.08.07
Jornal “Tal & Qual”
Texto: Raquel Pacheco